15 Oct
15Oct

Nesta última semana tive a alegria de estar com outras escritoras - amigas da vida atrás das telas - na Festa Literária da Mantiqueira / FLIMA 2023, para representar o Coletivo Escreviventes, do qual fazemos parte. Estivemos juntas na programação da festa, compartilhando uma roda de conversa sobre como funciona esse coletivo e qual é a sua importância em nossas vidas.

Desde que iniciei minha jornada na escrita, aos doze anos, carreguei comigo além dos cadernos e canetas, essa solidão de criar poemas e histórias e não ter muito com quem falar sobre. Fui crescendo e acreditando que escrever era assim, um processo muito íntimo, onde habitamos os vazios, os escuros, essa nossa solidão que nos acompanha desde o nascimento. E que esse caminho é para se andar sem companhia e ponto.

Já madura, quase perto dos quarenta anos, descobri que não precisa ser assim. Talvez pela urgência de se viver que a pandemia nos trouxe, estar com os outros com os quais nos reconhecemos e identificamos virou uma premissa para todos e para mim não foi diferente. Eu não quero mais destinar meu tempo a quem não quer andar junto comigo, a quem não me apoia ou não faz questão da minha presença. Foi nesse contexto de revisão de valores que eu conheci o Coletivo Escreviventes, um coletivo de mulheres escritoras, que hoje conta com 538 participantes de todos os estados do Brasil.

Somos tão diferentes! Moramos em regiões distintas, temos participantes de múltiplas faixas etárias, algumas com larga experiência na escrita e outras iniciantes, cada qual escrevendo a seu modo, em gêneros literários diversos e com desejos também diferentes. Mas temos uma coisa em comum: somos mulheres e amamos escrever. Nosso ideário também corresponde àquele que agrega, isto é, não toleramos preconceitos e nunca deixamos ninguém para trás em nosso grupo. Juntas, nos revezamos em acolher, cuidar, organizar, dar conta de todas as demandas que um grande coletivo tem. E claro, numa relação horizontal, onde não há hierarquia. Por natureza, nós mulheres fazemos isso muito melhor do que os homens. Somos menos competitivas e compreendemos que juntas vamos mais longe, mesmo que mais devagar.

Esse movimento coletivo reverbera na nossa produção, na nossa escrita, no nosso posicionamento, em como entendemos o mercado. O coletivo impacta a forma como vemos a literatura, o livro, o nosso fazer e o mundo. E se eu pudesse dar uma recomendação às mulheres que escrevem, seria: Não, não ande só.

Agradeço às mulheres que caminham ao meu lado. Às que vieram antes de mim e às que virão depois.

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