08 Feb
08Feb

SEMANA 1

Nessa minha primeira semana de férias de final de ano estive muito ocupada curtindo cada momento em família. Deixei um pouco de lado as redes sociais e fiz uma imersão em viver plenamente os dias de descanso.
Demorei para conseguir dormir mais de 7 horas: a noite passada foi a primeira. A rotina da docência é tão desgastante e exige tanta dedicação, que o corpo se acostuma com o ritmo frenético e com as cinco horas de sono pesado por dia.
Encontrei alguns alunos e alunas por aqui. Fico feliz de me cumprimentarem. Amo todos. É engraçado que não importa onde eu esteja, sou sempre a prô Dani.
O contato diário com o mar reestabelece minhas energias. É como um carregador turbo. Essa imensidão azul que posso contemplar sem pressa me traz a urgência de viver leve e em inteireza. Venho aproveitando os banhos de água salgada para purificar a alma.
Ando 4km por dia, brinco com meu filho, faço passeios com minha filha, andamos de bicicleta, cozinhamos em família, jogamos baralho e outros jogos bacanas, o tempo vai passando devagar. É bom comer quando se tem fome e esticar as pernas quando estão cansadas.
Tenho comido bem. Fazemos ovos mexidos pelas manhãs e estamos aproveitando o clima de verão para abusar das saladas de pepinos com gergelim preto.
Também estou colocando as leituras em dia. Terminei o livro "O Perigo de Estar Lúcida" da Rosa Montero. Acho que foi a primeira vez que acabei um marca-texto num livro. Usei muito. Que bom que escolhi o rosa neon, ficou lindo naquelas páginas pólen.
Hoje terminei "A Vegetariana" da Han Kang. Amei. Absolutamente lindo. Que bom ter os livros como companhia nas férias. Fico sempre empolgada e volto cheia de ideias para aperfeiçoar meus escritos. Em 2025 lançarei meu décimo livro e sim, é uma romance literário que envolveu muita pesquisa.
Estou ainda um pouco apreensiva com a Nina, nossa cachorra mais velha, que está com câncer. Para viajarmos, ela e a Lis ficaram sob cuidados especiais. Não tínhamos mais como desmarcar a viagem e resolvi manter a decisão de parar um pouco antes do novo ano iniciar. Será um ano duro, de grandes mudanças em nossas vidas, que exigirá esforços de todos.
A vida é uma só = estar presente.

SEMANA 2

Na minha segunda semana de férias parece que finalmente meu corpo começou a seguir meu relógio biológico. O tempo de sono se firmou entre 7 e 8 horas por noite, ainda que com alguns pesadelos e despertares rápidos. E o mais incrível, tive fome ao acordar. É difícil ter fome às 5:40h durante os dias de rotina de trabalho e costumo fazer o desjejum na pausa das 10h. Agora, acordando às 8h, tomar café da manhã parece ótimo!
Mantive as caminhadas diárias pela praia. Contemplar a natureza sempre me fortalece. Na última tarde, fiz o percurso sozinha por 2h, o que me trouxe longos pensares para novos poemas e um capítulo todo do novo livro. Os passos tocando a água, a areia morna do dia inteiro de sol, a revoada de andorinhas e o sonoro mar ondulando me tomaram de palavras.
Brinquei muito. Minha criança interior esteve feliz nas marolas, nas jogadas de bola, nas partidas de buraco e até nos sorvetes que não gosto tanto, mas que foram fundamentais para aguentar o calor.
Esteve quente e o chato da vida, mas muito necessário - o senhor protetor solar - acabou junto com a paciência de repassá-lo. Quem tem filhos pequenos sabe que são horas perdidas, mas ganhas, nessa tarefa insuportável de cobrir todos os cantinhos de creme. O resultado é satisfatório: volto translúcida, na certeza de que controlei bem a doença autoimune. E viva as camisetas com proteção UV para mim e as crias.
Choveu na medida certa, molhando as noites para refrescar. Fiz planos para a casa nova, iniciei a leitura do livro A cabeça do santo, da Socorro Acioli e hoje voltando para casa, tive a sensação de ter vivido muito em tão pouco tempo. Que bom!
Apesar das 7h de trânsito do retorno em que dirigi cuidadosamente um carro que nem é meu - o que me traz certa tensão, estou muito feliz. Foram 12 dias de muita presença no aqui e agora, ao lado de pessoas que amo sem limites, num lugar lindo, preenchida de sentimentos de gratidão e plenitude.
2025, estou pronta para você, ainda que não!

SEMANA 3

Uma hora as férias começam a ter uma outra cara. Quando chegamos ao meio do período de descanso, parece que surgem algumas rugas de preocupação. Aparecem assuntos emergenciais e tudo muda de ares. Essa terceira semana foi marcada por um misto de atividades e sentimentos.
Estamos mudando de casa desde novembro. Na verdade, é como se estivéssemos sem um lar nosso por enquanto. Sim, estamos super felizes e abrigados aqui na casa dos meus pais, mas a sensação de não ter lugar é forte. Passamos horas vendo lustres, pisos e uma infinidade de itens para nosso novo apartamento. Fizemos compras e os boletos apareceram.
Ao mesmo tempo, fechei o contrato para a publicação do meu novo livro Rosas de Chumbo, que virá esse ano para desaguar corações. Um sentimento de felicidade invadiu meu peito com o reconhecimento de Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva no Golden Globe, porque meu livro é sobre essa temática!
As duas semanas anteriores de ócio criativo na praia me renderam 4 quilos a mais. Tão mal acostumada a não dormir e comer pouco durante os dias de trabalho, senti a liberdade se acumulando nas novas dobras do corpo e a vida enchendo minha calça jeans clara. Desde segunda estou maneirando nos carboidratos para não me conformar com a barriguinha que surgiu junto com os poemas.
As crias continuam felizes e curtindo. Fizemos um passeio delicioso na Japan House, comi um saboroso bentô de cogumelos no Aizomê e passamos duas tardes aproveitando os circuitos de ginástica artística do Sesc Casa Verde, na programação de verão.
Hoje iniciei minha nova produção literária que já dei spoiler na foto. E logo mais chegam as novidades por completo porque fofoca boa só é boa quando inteira.
Obviamente meu metabolismo sentiu o retorno à cidade grande e eu já espirro ao acordar como em novembro passado, assim como às 6:00h eu despertei assustada achando que era hora de me levantar.
Como toda a mulher sobrecarregada, marquei mil consultas que só consigo dar conta nessa época e já estou torcendo para os dias passarem mais devagar. A semana que vem é a última desse diário e já estou sentindo falta dele.

SEMANA 4

Chegou a derradeira e não esperada, mas enfim óbvia - porque o tempo é um senhor cheio de energia - última semana de férias e, com ela, o fim desse diário que venho escrevendo para a manutenção da minha saúde literária.
Estivemos noutra casa. O nomadismo típico de nossa família, associado aos cuidados paliativos que Nina demanda e a viagem de minha irmã, nos fizeram estar aqui, na casa dela, percebendo a vida de outra forma: através de seus objetos.
A experiência tem sido de descobertas. O clima do quarto me fez repensar as cores das paredes de onde vamos dormir. As acerolas no quintal vingam enquanto nós nos reorganizamos outra vez. Pouco barulho, chuva e padaria orgânica nos trouxeram calma e acolhimento. Obrigada @valeriabonafe_ e @rogerioluizmoraescosta por tanto.
Tivemos que refletir sobre cuidados que envolvem a morte e o luto, também outra vez. Passeamos de bicicleta, comemos muita salada e aqueles quilos a mais da semana anterior já estão indo embora junto com a tranquilidade. Despedir-se, seja do que for, sempre exige trabalho interno.
Continuamos na saga de buscar o que precisamos para o nosso novo lar e negociando cada decisão: piso, lustre, chuveiro, tudo é fruto de equalizar desejos e necessidades de 4 pessoas diferentes, dentro das possibilidades financeiras. Um jogo cansativo, mas necessário e que, no frigir dos ovos, nos faz crescer.
Definitivamente os tênis voltaram para meus pés e os dedos, espalhados no chão ou nas havaianas, vêm se acostumando com a nova rotina. É hora de fazer as unhas, arrumar o cabelo, estar apresentável socialmente porque o trabalho me espera. E muito trabalho.
Não que eu não tenha trabalhado. Enviei um texto novo para a chamada de uma revista, li muito, organizei meu Drive, preenchi muita documentação e preparei todo o caminho para que Rosas de Chumbo arrase na chegada.
É que agora chega o retorno às aulas e com ele, a urgência de voltar a ser exemplo 100% do tempo enquanto leciono. Uma verdadeira entrega, que só acontece quando emocionalmente estamos equilibrados e intelectualmente preparados. Então eu dei duro nos últimos dias, mas vale a pena.
Um beijo para quem me acompanhou nesse mês! 

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