25 Feb
25Feb

Parece que foi ontem que decidi: agora eu vou publicar.

E já são 8 livros lindos, dos quais tenho orgulho, porque só eu sei o tanto de dedicação, trabalho, disciplina, sonho, estudo e tudo o mais que envolve esse corre de ser uma escritora independente.
Até que no meio dessa grande aventura surgiu outra: a de ser traduzida para o espanhol e publicada fora do meu país. Não, eu nunca sonhei tão alto. Sou uma mulher que sempre desejou o simples da vida e essa oportunidade me mostrou que posso ir além.

Com o apoio da Editora Caravana que fez a tradução de meu original Na Redoma da Flor, também publicado por ela, fui para a Argentina. Lá conheci escritores e escritoras de todo o Brasil e de países vizinhos, curti o turismo e também vi meu livro ganhar um vôo novo, desses que a gente nem acredita, disponível até na Caburé Libros, a mais tradicional livraria de San Telmo, em Buenos Aires.

Mas publicar ou não meus textos e poemas sempre foi uma questão. Por mais de 20 anos eu os guardei nas gavetas e poucas pessoas sabiam que eu escrevia. Timidamente iniciei um blog nos anos 2000 como uma forma de repositório e de organizar minha vasta produção, porque escrevo desde os 12 anos um tanto de coisas e todos os dias. O livro físico veio só depois dos 35 anos, quando finalmente nasceu em mim uma necessidade de assumir o lugar que eu ocupava: o de ser uma escritora.

Se engana quem acredita que para ser escritora precisar ser publicada. Eu sou uma escritora na definição mais simples da palavra: porque escrevo. A publicação foi o desejo pessoal de coroar uma trajetória que passava pelo reconhecimento da minha identidade. Um projeto íntimo de revelar ao mundo quem eu era. Não à toa meu primeiro livro escrito foi Útero, em que gesto a mãe que me tornei e a escritora que atravessa os anos registrando cada impressão no papel.

Sim, escrevo demoradamente por anos cada projeto. Não tenho pressa. Há em mim um tempo esgarçado, em que lapido as palavras sem a ansiedade de vê-las no mundo, sozinhas, para outros olhos. Antes de serem dos outros elas são minhas e gosto de ficar um tempo longo com elas, entendendo o que me dizem e como querem nascer. Por isso, a publicação acontece devagar. E apesar dos 8 livros, quem me conhece sabe que os originais ficaram comigo por décadas.

Então não corra. Só vai. Vai adiante, segue no desejo de fazer seu coração feliz, arregaça as mangas para trabalhar duro, se junta com gente que acredita em você, pede ajuda quando precisar e caminha.

Caminha por uns anos, escreve todos os dias, toma água, descansa, viaja, beija, faz amor, tem seus filhos para cuidar, o trabalho diário, a casa, os pets, a família doente, sua saúde em frangalhos, você pode diminuir o ritmo, parar um pouquinho, mas depois caminha. Vá escrevendo o caminho enquanto escreve seus livros.

Tenha certeza de que não importa se você vai parar na Argentina ou não: mais importante do que o destino, é o percurso. A andança te trará a liberdade de ser quem você é, a alegria de realizar o seu melhor e amigos que te darão a mão quando você mais precisar. Deixe que a publicação aconteça no tempo que precisa: quando você quiser.

Viver é estar em movimento! 

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